Os elementos empregados na comunicação visual passam por um intenso processo de estudo para que atinjam o maior número de receptores, uma vez que suas propriedades se modificam diante de situações de diferentes naturezas (cartazes, placas, músicas, imagens etc.). As alterações das propriedades dos elementos da comunicação utilizados no entendimento da mensagem fazem com que se atinja uma eficiência no modo como ela é transmitida.
A qualidade da comunicação é um processo natural e inevitável, porém, existem fatores que podem contribuir para acelerar esse processo de comunicação, como a elaboração do projeto e a escolha dos códigos de uma mensagem, levando em conta as características do público que se pretende atingir.
Ao final desta aula, você será capaz de:
Existem vários tipos de comunicação. As pessoas podem comunicar-se pelo Código Morse, por escrita, gestos, telefone, e-mails, internet etc.; uma empresa, uma administração e até mesmo um Estado podem comunicar-se com seus membros por intermédio de circulares, cartazes, mensagens radiofônicas ou televisionadas, e-mails etc. (VANOYE, 2002). Segundo Vanoye (2002), a comunicação está dividida em seis elementos composicionais:
Emissor ou destinador: pela mensagem oral, escrita, por meio de gestos, desenhos ou símbolos, o emissor é o agente que envia ou emite a mensagem. As mensagens podem ter origens individuais ou em grupos, por uma organização ou instituição.
Receptor ou destinatário: quem recebe a mensagem (lê, ouve, vê), quem a decodifica. Também pode ser apenas uma pessoa, grupo ou máquina (computador). A comunicação nesses casos somente será realizada se a mensagem for compreendida pelo receptor (VANOYE, 2002).
Mensagem: tudo aquilo que é transmitido com o propósito comunicativo. As mensagens podem ser virtuais, visuais, sonoras ou audiovisuais (sonoras e visuais).
Os gestos fazem parte dos recursos de comunicação, como uma palavra ou uma frase, pois expressam suas emoções e também, algumas vezes, podem contradizer as palavras.
Fonte: Birck e Keske (2008, p. 81).
Canal: para que uma mensagem seja transmitida, é necessário um canal, o canal de comunicação, que deve ser escolhido para garantir a maior eficiência na transmissão da mensagem. Temos, por exemplo, canais como TV, rádio, jornal, revista, internet etc.
O canal é a via pela qual as mensagens circulam, seja por meios técnicos aos quais o receptor tiver acesso ou outros por ele definidos (VANOYE, 2002).
De acordo com Vanoye (2002), o canal de comunicação utilizado pode empreender uma primeira classificação das mensagens:
Código: é um conjunto de sinais estruturados, a organização da mensagem, e pode ser verbal ou não verbal. Trata-se da maneira como a mensagem se organiza. A língua falada ou escrita de uma nação é um código; a linguagem computacional binária caracteriza-se como um código de programação.
A voz, na comunicação verbal, é usada para acentuar ou sublinhar a mensagem verbal oral por dar ênfase às palavras ou frases específicas.
Fonte: Lustig e Koester (2003, p. 195).
Referente: é o contexto no qual se encontram o emissor e o receptor da mensagem. Há dois tipos de referentes (VANOYE, 2002):
A transmissão de uma mensagem preestabelece um ajustamento para que emissor e receptor compreendam a mensagem. Esse ajustamento implica a criação de uma forma que seja compreensível para ambos (SILVA, 2012, p. 13-14).
Ainda segundo Silva (2012), um código é um conjunto de signos organizados, ou seja, os elementos que compõem os códigos são os signos e as regras de combinação (a sintaxe). São exemplos de códigos o idioma e diversos tipos de alfabeto. As combinações de signos entre si formam códigos, e as combinações de códigos entre si formam as mensagens.
Quando a mensagem é emitida e por algum motivo a comunicação não acontece, seja pelo não entendimento do código, pela dificuldade com o canal ou por outras circunstâncias, temos um problema de comunicação.
Segundo Vanoye (2002), os tipos de comunicação podem ser:
Outro problema na transmissão de mensagens é o ruído. O termo “ruído” corresponde a tudo que afeta em graus diversos o entendimento do que é transmitido: voz baixa, falta de concentração do receptor, música, erros na codificação das mensagens etc. (VANOYE, 2002). Em outras palavras, o ruído pode não ser uma perturbação na recepção, mas em sua própria essência ser uma mensagem. Por exemplo, os aplausos de uma plateia.
Vanoye (2002) destaca que o ruído pode ter origem:
De acordo com Munari (2001), a comunicação visual se caracteriza como tudo que nossos olhos veem; os aspectos inseridos nessas informações têm em comum a objetividade. Vale ressaltar, como já foi dito, que o canal a ser utilizado deve reproduzir uma imagem clara e legível para a maioria e de maneira semelhante, caso contrário a comunicação ficará comprometida e poderá não acontecer.
Dondis (2007) declara que a comunicação vem evoluindo por meio de imagens, pictogramas, fonéticas, signos e conjuntos de letras (alfabetos). Assim, via tecnologia, existe uma busca permanente por uma melhor eficiência na comunicação.
A charge se expressa pela ironia; sua prática humorística tem esteio na crítica política. No humor caricatural habita o riso e a violência. O riso está na ambiguidade propositalmente contraditória entre o que é dito e o sentido que se quer passar.
Fonte: Brait (1996, p. 34).
Apesar de a comunicação visual não ter uma lógica tão precisa quanto a linguagem verbal, o desenvolvimento de novos meios de transmissão e conjunturas é essencial para que ela aconteça. Dentre todos os meios de comunicação, o visual é o único que não “dispõe de um conjunto de normas e preceitos, de metodologia e nem de um único sistema com critérios definidos, tanto para a expressão quanto para o entendimento dos métodos visuais” (DONDIS, 2007, p. 18)
[...] estão, em um momento dado, em um determinado lugar; têm uma determinada duração, uma determinada entidade física (o aspecto que concerne à sua produção e difusão). Têm também uma realidade semiótica: referem-se a coisas, objetos, produtos, ideias; neste sentido possuem uma determinada pregnância formal e uma determinada capacidade de implicação psicológica. Logo, [...] mensagem visual é um conjunto de signos extraídos de um código visual determinado, organizados de acordo com determinada ordem. Por meio desses signos e suas regras combinatórias se constrói o “sentido”, emerge o significado, a informação, isto é, a mensagem propriamente dita.
De acordo com Santaella (1983), pode-se entender como linguagem a base de toda e qualquer forma de participação na comunicação, inclusive as inúmeras mensagens no cotidiano.
As práticas de produção de linguagem só funcionam culturalmente porque podem ser consideradas também um fenômeno de comunicação. Esses fenômenos se estruturam como linguagem e constituem práticas significantes. A linguagem é um emaranhado de diversas formas de comunicação e significação, dentre elas a linguagem verbal, a linguagem dos surdos, a da moda, do design, da culinária, das artes etc. Contudo, o aparecimento e a estruturação de uma nova linguagem não pressupõe a anulação de alguma anterior, pois as linguagens “vão se sobrepondo e se misturando na constituição de uma malha cultural cada vez mais complexa e densa” (SANTAELLA, 2005, p. 9).
Uma vez que, de acordo com Peirce (2003), todo pensamento se dá em signos, esclarece-se que, para que a ponte entre pensamento e linguagem fique mais evidente, é preciso “considerar que os signos podem ser internos ou externos, ou seja, podem se manifestar sob a forma de pensamentos interiores ou se alojar em suportes ou meios externos, materiais” (SANTAELLA, 2005, p. 56).
É possível classificar o sistema de linguagem em três categorias: linguagem verbal, linguagem não verbal e linguagem sincrética, esta última constituída por códigos de diferentes naturezas, e na qual se insere grande parte da produção em Design (NIEMEYER, 2010). Em síntese:
Na linguagem verbal é sabido que a elaboração de uma mensagem se dá por cada letra operando como fator de diferenciação, ou seja, decompondo-se a linguagem verbal em partículas mínimas. A diferença constitui-se como elemento de informação (JAKOBSON, 2010, p. 76).
[...] existe uma partícula distintiva, ou a unidade na qual reside a diferença. A unidade mínima da linguagem escrita é a letra, cuja capacidade de significação só se dá quando combinada, organizada em sistema, compondo palavras e estas compondo textos. Existem letras que têm significado de acordo com a sua função no texto; quando se pronuncia a letra “o”, espera-se um complemento para a frase, mentalmente aparecem possibilidades “o menino, o gato, o rato etc”, mas se pronunciamos “j”, o mesmo processo não acontece. [...] tal conjunto de possibilidades já previstas e preparadas implica a existência de um código, e esse código é concebido pela teoria da comunicação como “uma transformação convencionada, habitualmente de termo a termo reversível”, por meio da qual um dado conjunto de unidades de informação se converte em outros...O código combina o signans (significante) com o signatum (significado), e estes com aquele [...].
Estamos rodeados de informações não verbais. Quando nos deparamos com uma sinalização de trânsito, ou um semáforo, no qual foi estabelecido que o verde sugere seguir em frente, o amarelo transmite a ideia de atenção e o vermelho de que é proibido seguir em frente, vemos tipos de mensagens relacionadas ao significado de signos semióticos já armazenados em nossa memória, o que nos faz assimilar a informação.
Dentre as linguagens não verbais que os seres humanos utilizam para se comunicar está a comunicação por meio de gestos, toques e pela postura adotada por cada pessoa. Esse comportamento é chamado de “linguagem corporal”, e em alguns casos transmite a mensagem com mais eficiência que o uso das palavras.
Confira alguns dos motivos pelos quais a comunicação não verbal é importante segundo Rogers e Steinfatt (1999, p. 161-165):
Em uma conversa, seja entre amigos ou em uma reunião de trabalho, não é difícil observar os comportamentos descritos acima. Pode ser perceptível uma distonia entre o que é falado e as expressões gestuais utilizadas.
O corpo fala, se manifesta, se expressa, transmite mensagens não apenas com palavras, mas com expressões faciais (olhos, lábios), gestos com as mãos, postura física, ritmo do corpo (caminhar, correr), comunicando informações muitas vezes importantes sem utilizar palavras (linguagem verbal). Os gestos fazem parte dos recursos de comunicação, como uma palavra ou uma frase, pois expressam emoções e, algumas vezes, também podem contradizer as palavras (BIRCK; KESKE, 2008).
“Não é a impulsão externa, mas as condições internas da evolução, não é a gênese sob sua aparência mecânica, mas a função que estão no centro do interesse científico atual”. Considera-se, portanto, a função como parte da estrutura geral da língua, influindo na “estrutura verbal”.
Fonte: Jakobson (2010, p. 157).
Para Costa (2011), há diferenças nos dois modos de linguagem apresentados até então, que se estabelecem fundamentalmente pelo meio/mídia. Cada linguagem tem seu suporte: a verbal é mais racional, o que facilita a explicação de um raciocínio lógico que dificilmente seria explicado com a mesma facilidade por meio de movimento, cor ou som de uma música. A linguagem não verbal utiliza os símbolos gráficos, como no exemplo da sinalização, logotipos e ícones constituídos basicamente de formas, cores e tipografia. Por meio da combinação desses elementos gráficos é possível exprimir ideias e conceitos utilizando uma linguagem figurativa ou abstrata – o que define que a compreensão e a leitura dessa linguagem sejam estabelecidas de acordo com o grau de conhecimento de cada pessoa.
Nesse sentido, “Será que a imagem é simplesmente uma duplicata de certas informações que o texto contém e, portanto, um fenômeno de redundância, ou será que o texto acrescenta novas informações à imagem?” (BARTHES,1964, p. 38).
Tanto a linguagem verbal quanto a não verbal utilizam signos para expressar sentidos. Porém, na linguagem verbal os signos são formados pelos sons da língua ou pela escrita de maneira linear: signos e sons se sucedem (um após o outro) no tempo da fala ou no espaço da linha escrita. Na linguagem não verbal outros signos são explorados, e eles podem estar presentes ao mesmo tempo e muitas vezes sem controle.
Entretanto, a importância de cada uma dessas linguagens não merece avaliação, pois é levada em conta a necessidade do uso de cada uma em determinado objeto. Assim, é possível que apenas uma prevaleça ou, na escrita de um texto, por exemplo, sejam utilizados, além de tipografia, gráficos e fotos – com isso aparece o apoio tanto da linguagem verbal quanto da não verbal –, tendo como objetivo principal a transmissão da informação, a comunicação.
A imagem contemporânea vem de longe: “Petrogramas”, se desenhadas ou pintadas; “petroglifos”, se gravadas ou talhadas – essas figuras representam os primeiros meios de comunicação humana. São consideradas imagens porque imitam, esquematizando visualmente, as pessoas e os objetos do mundo real.
Por meio da classificação mais utilizada para os elementos da comunicação, seja ela verbal, não verbal ou visual, muitas derivações e considerações podem ser feitas. É importante entender esses conceitos, principalmente no que concerne ao funcionamento e eficiência da comunicação.
Entender como as mensagens atuam nos indivíduos receptores é a principal fonte de informação para classificar a melhor fonte comunicativa. Essas informações serão primordiais para o futuro da comunicação e seus canais, quando se deverá entender o comportamento dos mais diversos códigos empregados, sejam eles considerados reais ou virtuais.
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