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Notas

Aula 01


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Introdução

Esta aula vai abordar o quanto a percepção visual é essencial para o processo de desenvolvimento do desenho a mão livre e apresentará a você os principais materiais de desenho a serem utilizados para as atividades e práticas. Antes de iniciar a desenhar, é necessário encontrar um bom local de apoio e adquirir materiais necessários e adequados.

As marcas dos materiais de melhor qualidade são as mais duradouras e dão um melhor acabamento.

Ao final desta aula, você será capaz de:

  • conhecer os materiais adequados para a execução dos desenhos,
  • analisar o melhor instrumento para execução dos desenhos;
  • compreender a importância do conhecimento e manuseio dos materiais.
Fonte: Undrey / 123RF.

Desenho

Ao explorar a trajetória da história e do ensino de desenho na cidade de Pelotas, vê-se que, mesmo com sua identidade cultural reconhecida nacionalmente, pouco se tem de registro do trajeto nas pesquisas a este respeito, talvez por conta de um tipo de esquecimento involuntário. Segundo Ferreira (2011), antes de serem opostos, memória e esquecimento são complementares. O esquecimento é parte importante no  processo de formulação de novas memórias (FERREIRA, 2011), e, assim, ao selecionar memórias, o esquecimento seria benéfico, haja vista a quantidade de informações que absorvemos durante o dia. Hoje, refazendo esta trajetória, tentamos resgatar os fragmentos esquecidos para constituirmos uma memória.

O desenho como linguagem “[...] requisita uma postura global. Desenhar não é copiar formas, figuras, não é simplesmente proporção, escala. [...] Desenhar objetos, pessoas, situações, animais, emoções, ideias são tentativas de aproximação com o mundo. Desenhar é conhecer, é apropriar-se.” (DERDYK, 1993, p. 24).

Vasconcelos (1997), ao denominar o ensino de "desenho", nos diz que é com esta nomenclatura, de forma genérica, que, na literatura pertinente, refere-se ao tipo de saber de que tal ensino se ocupa. Do mesmo modo, alguns dos encontros científicos que tratam do assunto fazem, em seus títulos, referência a um saber que, também de modo geral, chamam "Desenho", e ainda alguns departamentos das universidades brasileiras, que veiculam o saber em questão, trazem a palavra "desenho" em suas denominações (VASCONCELOS, 1997, p. 9).

SAIBA MAIS

O brincar e o desenhar para a criança manifestam-se impulsionados pela mesma essência motivadora, que é caracterizada pela ação lúdica. Acontece um constante relacionamento mútuo entre esses dois atos que podem estar tão interligados que, em vários momentos, estarão simultaneamente numa mesma função. A ação do brincar pode acontecer no ato de desenhar, assim como a ação do desenhar pode também se inserir no ato de brincar (SANS, 1994, p.39).

Instrumentos de Escrita

Os instrumentos de escrita foram os que mais sofreram avanços tecnológicos, pois foram da pena ao computador de forma muito rápida. As penas variam de acordo com seu uso, segundo Medeiros (1968, p. 51), “[...] variam se para o uso em desenho de mapas, ilustrações ou letreiros.” O uso de lápis e lapiseiras, intermediários neste avanço, dependia da maciez dos grafites e de sua espessura, determinando o tipo de traçado e de desenho (o que organiza o desenho visualmente). Nesse sentido, a computação gráfica veio para ajudar e agilizar o processo de elaboração de projetos, pois permite que ele seja modificado inúmeras vezes sem que seja necessário refazê-lo totalmente. De qualquer forma, mesmo nos dias de hoje, a técnica e a tecnologia andam lado a lado e se auxiliam na construção de projetos. Veja a seguir alguns dos materiais utilizados para a escrita:

  • Pena de caligrafia: é uma pena artística para escrita em estilo gótico, traços decorativos e desenhos artísticos. Todas as penas possuem um reservatório de tinta triplo já fixo, o que proporciona um fluxo de tinta ininterrupto.
Figura 1 – Pena de caligrafia
Fonte: Milan Ambrož / 123RF.
  • Lapiseira: é utilizada como instrumento em desenhos de precisão; é uma lapiseira técnica de uso profissional com ponta fixa que varia entre 0.3 mm, 0.5 mm, 0.7 mm e 0.9 mm de comprimento; ideal para desenhos, trabalhos e escrita em geral.
  • Cintel: é rígido e bem desenhado para projetar, riscar e medir distâncias e círculos. A parte superior da barra é achatada para que, ao fixar os suportes na posição, não gire por efeito da pressão sobre as pontas.
    Os suportes do cintel são mantidos na posição por meio de molas de fricção, as quais impedem que eles se desloquem quando as porcas são soltas para ajuste. Um dos suportes tem ajuste fino para as pontas. Cada suporte apresenta um pino giratório recartilhado no seu topo, o qual, girando livremente, torna-se muito conveniente para oscilar o instrumento ao riscar círculos.
  • Compasso de redução: é uma ferramenta de desenho muito útil de se ter por perto. Pode ser usado para fazer, por exemplo, círculos perfeitos, segmentos de reta iguais e achar o ponto médio de uma linha.

SAIBA MAIS

O desenho assumiu um papel diferente. Por exemplo, no Egito, era usado como meio de expressão manifestado nos antigos templos e túmulos construídos pelos povos da região. Em outras civilizações, como na Mesopotâmia, o desenho beneficiou a elaboração de mapas cartográficos que facilitaram as atividades comerciais desenvolvidas pelos povos ocidentais e orientais. Aos poucos, o desenho passou a ser representado em diferentes materiais, como barro, pedras, argilas, madeiras e, finalmente, no papel conhecido nos dias atuais (ZATZ, 2002, p. 20).

Instrumentos de Medição

Os instrumentos de medição são diversos e com especificações diversas. Todos devem ter graduações perfeitas, claras, alinhadas, sem empenações para evitar imperfeições no traçado. Você deve observar que

Com exceção do compasso, tais instrumentos não devem ser utilizados para traçar, apenas para medir, para que sua graduação não seja danificada. Réguas e escalímetros servem para medir distâncias retilíneas. Transferidores servem para a transferência ou marcação de ângulo. O compasso, além de traçar arcos e circunferências, mede distâncias retilíneas. O escalímetro é uma régua de escala de redução ou ampliação. Contém 06 escalas reduzidas e sua função principal é suprimir o cálculo mental. (MEDEIROS, 1968, p.51).

REFLEXÃO

A escala é um elemento essencial que define o caráter de uma obra arquitetônica tanto no seu espaço interior como na sua volumetria global (ZEVI, 1996, p. 156).

Veja a seguir alguns instrumentos de medição:

- Pantógrafo: é composto de quatro réguas, dispostas sob forma de paralelogramo articulado, que permite reproduzir mecanicamente qualquer espécie de desenho ou gravura em suas dimensões originais ou diferentes.

- Régua: utilizada para traçar linhas curvas continuadas, pode ser confeccionada em madeira, marfim, celulóide, metal etc.; de superfície plana e arestas retilíneas, própria para traçar linhas retas.

Figura 2 – Instrumento de traço, régua e lápis ou lapiseira
Fonte: Anton Starikov / 123RF.
  • Transferidores: instrumento de metal ou de outro material, que, composto por um semicírculo, divide-se em graus e pode ser usado para medir e reproduzir os ângulos de uma figura ou desenho.
  • Pesos: pedaço de metal de um peso determinado que serve para pesar outros corpos.
  • Paquímetro: instrumento empregado para medir pequenos comprimentos (até décimos de milímetros); compasso de espessura.
  • Curvímetro: instrumento para medir, nas plantas ou nos mapas, o comprimento de linhas curvas.

Instrumentos de Traçado

Os instrumentos de traçado são aqueles com que podemos usar o grafite para traçar formas e linhas. Dentre esses instrumentos, o esquadro é o mais utilizado depois do lápis, pois com ele podemos medir e traçar ângulos (30º, 45º, 60º e 90º), linhas paralelas, verticais e horizontais. Os gabaritos, por sua vez, já vêm dispostos com algumas escalas e facilitam o traçado em plantas e projetos de protótipos. Existem diversos instrumentos que servem para este fim. Veja a seguir alguns exemplos de instrumento de traçado:

  • Gabaritos: servem para traçar, verificar ou controlar o perfil ou as dimensões que devem ter certos objetos.
  • Curvas francesas: gabaritos de acrílico compostos por diversas curvas nos mais variados raios. Elas correspondem a um tipo de régua que permite desenhar e ligar curvas, de maneira que fiquem perfeitamente encaixadas, sem usar cálculos de matemática.

REFLEXÃO

“Na busca de inspiração, o designer deve manter olhos e ouvidos atentos.” (SUE JENKYN JONES, 2012, p. 15)

Jogo de esquadros: instrumento usado por arquitetos, desenhistas, designers, carpinteiros, serralheiros, destinado a traçar ângulos retos. Os esquadros são transparentes e sem graduação, um com 45º (isósceles) e outro com 60º (escaleno), com comprimento em torno de 30 cm.

Figura 3 – Esquadros
Fonte: Sergofoto / 123RF.

SAIBA MAIS

“A compreensão sobre cada elemento e seu peso na composição visual são de extrema valia.” (DONDIS, 2000, p. 85).

- Normógrafos: aparelhos de desenho constante de várias réguas com letras e números recortados, que servem de molde para legendas e letreiros.

- Aranha: é um instrumento preciso para escrita; faz-se uso de réguas de normógrafos.

- Pantógrafo: instrumento composto de quatro réguas dispostas sob forma de paralelogramo articulado, que permite reproduzir mecanicamente um desenho, em escala maior ou menor do que o original.

- Escalímetro: é um instrumento na forma de um prisma triangular, que possui seis réguas com diferentes escalas. É utilizado para medir e conceber desenhos em escalas ampliadas ou reduzidas.

- Régua T: serve, principalmente, para traçar as linhas paralelas e horizontais, servindo também de apoio aos esquadros para traçar linhas verticais. A régua T, assim chamada pelo seu formato, é uma das réguas mais conhecidas nos campos da arquitetura, engenharia e design.

Figura 4 – Regua “T”
Fonte: Casejustin / 123RF.
  • Régua 30 cm: utilizada para traçar linhas curvas continuadas, pode ser confeccionada em madeira, marfim, celulóide, metal etc.; de superfície plana e arestas retilíneas, própria para traçar linhas retas.

Instrumentos de Auxílio da Visualização

Através dos instrumentos de auxílio da visualização, você pode ter uma noção da aplicação da técnica partindo do espaço físico. Os sólidos geométricos, por exemplo, auxiliam na visualização de retas, curvas, formas, relações de altura, largura e profundidade. O diedro auxilia de forma a estipular as relações com o plano e suas projeções, facilitando na visualização do desenho técnico.

SAIBA MAIS

“O designer que for completamente livre para usar materiais e instrumentos na procura da sensibilização do sinal poderá elaborar todo um mostruário de possibilidades que usará no momento oportuno.” (MUNARI, 2001, p. 78).

A seguir, veja exemplos de instrumentos de auxílio da visualização:

  • Sólido: figura geométrica com três dimensões: comprimento, largura e altura. Alguns sólidos são denominados segundo a forma de sua superfície, como o cubo, o cilindro, o cone e a esfera.
  • Slides: dispositivo de 35  mm, a cores ou em preto e branco, montado numa moldura de plástico ou papelão para projeção. Lâminas, transparências ou folhas de apresentação para serem projetadas, geralmente por um retroprojetor ou por um data show.
  • Objetos tridimensionais: a representação tridimensional possui diferentes denominações, nomenclaturas e significados de acordo com a área a que atende, da etapa de desenvolvimento de projeto a que é atribuída e do nível de detalhe incorporado a ela; podem ser modelos, maquetes ou mock-ups e protótipos.

ENTENDA O CONCEITO

“Modelos volumétricos, não muito elaborados e diferentes do especificado para o produto final, fixando-se ou no aspecto aparente, dimensional e ergonômico, ou fornecendo parte apenas do seu entendimento funcional. São muito utilizados em processos de marketing, psicologia, engenharia e design.” (PEREIRA, 2015, p. 127).

  • Maquete: forma de retratar em tamanho reduzido uma obra que poderá ou deverá ser construída. Forma tridimensional de uma escultura específica, construída em vários materiais.

O mock-up é um termo inglês cuja tradução remete à maquete. No entanto, no Brasil, é muito utilizado por designers para descrever um modelo físico em escala real (1:1), que imita o produto ou dispositivo final e auxilia na experimentação, na observação, na percepção de problemas e soluções, na análise funcional, formal e ergonômica, ou mesmo de acabamento final de projetos a serem aplicados em um processo de testes, na avaliação e no feedback de usuários e de componentes da equipe de projeto.

SAIBA MAIS

“Para compor um projeto de Design, além dos elementos básicos de estruturação da forma e de comunicação visual, o profissional pode ainda trabalhar o estilo do produto vinculado aos mais diversos elementos ou movimentos artísticos da história.” (MURARI, 2001, p. 78).

Instrumentos Auxiliares

Alguns instrumentos não são especificamente utilizados para o desenho, mas são auxiliares importantíssimos para sua realização. A borracha, por exemplo, deve ser usada o mínimo possível e seus resíduos devem ser eliminados com um pano para que não borre o desenho (ETFPel, sem data). As fitas adesivas devem ter uma qualidade razoável para que não deixem o papel melado. Quanto aos adesivos, também tivemos um grande avanço, pois, nos primórdios, utilizava-se a goma arábica para que o papel fosse preso à mesa e, para isso, era necessária uma longa rotina na cozinha para desmanchar as bolas de goma em banho-maria (MEDEIROS, 1968 p. 44). Veja, a seguir, alguns instrumentos auxiliares:

  • Bigodes: escova para limpar desenho; possui cerdas naturais (crina animal). Ideal para uso técnico e profissional em diversas especialidades como arquitetura, engenharia, topografia e design.
  • Fita adesiva: fita de papel, tecido ou qualquer outra matéria flexível, que tem uma das faces recoberta de um produto aderente, sem ser molhado, a qualquer superfície.
  • Borracha: de características macia e suave, aplicável sobre diversos tipos de superfície e para qualquer graduação de grafite. Serve para apagar linhas, traços.
Figura 5 – Instrumentos auxiliares
Fonte: Akkarapol Ditpattarakorn / 123RF.

Fechamento

Nesta aula, foi possível compreender a relevância de se projetar com o auxílio dos materiais e instrumentos adequados, levando-se em consideração todos os aspectos que são necessários para garantir a qualidade do desenho.

Vimos grande maioria dos materiais técnicos para elaboração do desenho profissional. Diante do exposto, podemos afirmar que existem muitas variáveis que envolvem a utilização destes materiais de acordo com sua finalidade, dos quais necessitamos ter conhecimento e compreensão para bem utilizá-los.

Pois bem, como todo o projeto, é indispensável a utilização da criatividade atrelada ao material para que o produto seja de qualidade e cumpra sua função estabelecida.

Nesta aula, você teve a oportunidade de:

  • compreender como os materiais têm importância no projeto;
  • aprender a como utilizar os instrumentos;
  • conhecer alguns dos principais instrumentos técnicos para elaboração de desenhos.

Vídeo

Para complementar o seu aprendizado, assista à videoaula a seguir:

Aula Concluída!

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