Como visto, existem, de forma geral, elementos básicos da composição da referência visual que podem gerar nos indivíduos influências tanto físicas quanto psicológicas. Diante das inúmeras possibilidades de composição dos elementos visuais, há uma certa influência que podemos classificar como a mais importante, pois diz respeito à percepção humana que é o equilíbrio e a tensão.
O processo de estabelecer referências, tanto verticais quanto horizontais, transmite uma sensação de segurança e firmeza, atraindo o olhar para os eixos orientadores do equilíbrio. No campo da linguagem visual, a falta de equilíbrio e regularidade diz respeito à emissão de informações e consequentemente à recepção delas, caracterizando um fator de desorientação ou tensão.
Alguns conceitos podem ser difundidos, pois há casos em que o eixo visual se torna complexo e invisível, ficando difícil a compreensão da sua classificação, perturbando o equilíbrio. Portanto, é de extrema importância compreender como pode ser realizada da melhor forma essa classificação, para que seja entendida a relação dos sentidos com a forma visual.
Ao final desta aula, você será capaz de:
Sobre o elemento Equilíbrio, Gomes Filho (2009) afirma que ele se dá quando as forças agem ao mesmo tempo sobre ambos os lados dos elementos, proporcionando a sensação de que os dois lados são iguais ou compensados mutuamente. O equilíbrio pode ser compensado por pesos ou pela sua direção, ser iguais ou balanceados. Desse modo, peso e direção são as propriedades que mais o influenciam.
O equilíbrio pode ser simétrico, podendo acontecer em um ou mais eixos, nas posições horizontal, vertical, diagonal ou de qualquer inclinação; e assimétrico, em que nenhum de seus lados opostos são iguais (DONDIS, 1997).
O equilíbrio é o estado no qual as forças, agindo sobre um corpo, compensam-se mutuamente. É conseguido, na sua maneira mais simples, por meio de duas forças de igual resistência que puxam e atuam em direções opostas (GOMES FILHO, 2009). Esta é a definição física e aplicável, também, no equilíbrio visual. Ainda segundo Gomes Filho (2009), o sentido da visão experimenta o equilíbrio quando as forças fisiológicas correspondentes no sistema nervoso se distribuem de tal modo que se compensam mutuamente.
O Equilíbrio é o elemento mais importante das técnicas visuais, sendo que sua importância está baseada no funcionamento da percepção humana e na necessidade de sua presença, tanto no design quanto na reação diante de uma manifestação visual.
Equilíbrio Psicológico e Equilíbrio Físico
É tempo de expor mais explicitamente o que queremos dizer com balanceamento ou equilíbrio. Se insiste que em uma obra de arte todos os elementos devam ser distribuídos de tal modo que resulte um estado de equilíbrio, deve-se saber como consegui-lo (ARNHEIM, 2005). Além disso, alguns leitores podem acreditar que a necessidade de equilíbrio seja nada mais que uma particular preferência estilística, psicológica ou social. Algumas pessoas gostam de equilíbrio, outras, não. Por que, então, deveria o equilíbrio ser uma qualidade necessária dos padrões visuais?
Para o físico, equilíbrio é o estado no qual as forças, agindo sobre um corpo, compensam-se mutuamente. Consegue-se o equilíbrio na sua maneira mais simples, por meio de duas forças de igual resistência que puxam em direções opostas. A definição é aplicável para o equilíbrio visual. Como um corpo físico, cada padrão visual finito tem um fulcro ou centro de gravidade. Da mesma forma que o fulcro físico, mesmo do objeto plano mais irregularmente configurado pode ser determinado, localizando-se o ponto no qual será equilibrado na ponta de um dedo, também o centro de um padrão visual pode ser determinado por ensaio e erro. Segundo Ross (1923), a maneira mais simples de fazer isto é movimentar um visor ao redor do padrão até que moldura e padrão se equilibrem; então o centro da moldura coincide com o centro de peso do padrão (ARNHEIM, 2005, p. 77).
Com exceção das configurações mais regulares, nenhum método de cálculo racional conhecido pode substituir o sentido intuitivo de equilíbrio do olho. De nossa suposição anterior, segue-se que o sentido da visão experimenta equilíbrio quando as forças fisiológicas correspondentes no sistema nervoso se distribuem de tal modo que se compensam mutuamente. Se, contudo, alguém pendurar uma tela vazia em uma parede, o centro visual de gravidade do padrão coincide apenas aproximadamente com o centro físico verificado pelo balanceamento da tela num dedo. Como veremos, a posição vertical da tela na parede influencia a distribuição do peso visual, o mesmo acontece com as cores, configuração e espaço pictórico quando a tela exibe uma pintura (ARNHEIM, 2005).
Da mesma forma, não se pode determinar o centro visual de uma peça escultórica pendurando-a em um pedaço de corda. Aqui, novamente, a orientação vertical importará. Faz também diferença o fato da escultura estar pendurada no ar ou assentada numa base, em pé num espaço vazio ou em um nicho.
Há outras diferenças entre equilíbrio físico e perceptivo. Por um lado, a fotografia de uma bailarina pode parecer desequilibrada embora o corpo estivesse em uma posição confortável ao ser fotografada. Por outro, um modelo pode achar impossível fazer uma pose que pareça perfeitamente equilibrada num desenho. Uma escultura pode precisar de uma armação interna para se manter na vertical, mesmo sendo visualmente bem equilibrada. Um pato dorme tranquilamente apoiando-se em uma perna oblíqua. Estas discrepâncias existem porque fatores como tamanho, cor ou direção contribuem para o equilíbrio visual de maneiras não, necessariamente, paralelas fisicamente (ARNHEIM, 2005). Um traje de palhaço — vermelho do lado esquerdo, azul do direito — pode parecer assimétrico ao olho como esquema de cor, mesmo que as duas metades do vestuário, e na realidade, a do próprio palhaço, sejam iguais em peso físico. Numa pintura, um objeto não relacionado fisicamente, como uma cortina no fundo, pode contrabalançar a posição assimétrica de uma figura humana.
O mero número de elementos pode variar de uma figura simples - digamos, um quadrado preto preso ao centro de uma superfície, de outra maneira vazia - até uma tela com inúmeras partículas que cobrem o campo inteiro (ARNHEIM, 2005, p. 21).
A distribuição de pesos pode ser dominada por um acento forte ao qual tudo o mais se submete, ou por duas figuras como Adão e Eva, o anjo da Anunciação e a Virgem, ou a combinação de bola vermelha e massa do penacho preto que aparecem numa série de pinturas de Adolph Gottlieb.
Em trabalhos que consistem de apenas uma ou duas unidades, segundo Arnheim (2005), num plano simples, pode-se dizer que o "gradiente hierárquico" é muito abrupto. Com maior frequência, um conjunto de muitas unidades leva em etapas da mais forte para a mais fraca. Uma simples figura humana pode ser organizada ao redor de centros de equilíbrio secundários: no rosto, no colo, nas mãos. O mesmo é válido para a composição total.
O gradiente hierárquico aproxima-se de zero quando um padrão se compõe de muitas unidades de igual peso. Os padrões repetitivos de papel de parede ou das janelas de altos edifícios conseguem equilíbrio por homogeneidade. Em algumas obras de Pieter Brueghel, o espaço retangular do quadro é preenchido com pequenos grupos episódicos, quase de igual peso, que representam jogos infantis ou provérbios flamengos. Esta abordagem se adapta mais à interpretação do caráter total de um clima ou modo de existência do que à descrição da vida controlada por forças centrais. Exemplos extremos de homogeneidade podem ser encontrados nos relevos escultóricos de Louise Nevelson, que são prateleiras de compartimentos coordenados, ou nas últimas pinturas de Jackson Pollock, uniformemente preenchidas com texturas homogêneas. Essas obras apresentam um mundo no qual se sente no mesmo lugar onde quer que se vá. Pode-se chamá-los também de atonal, pois qualquer relação com uma chave estrutural subjacente é abandonada e substituída por uma rede de conexões entre os elementos da composição.
Os princípios de ordem comportam-se como recursos que possibilitam que as formas e os espaços de um edifício harmonizem-se de modo perceptivo e conceitual em um conjunto unificado e coerente (CHING, 2002).
Ching (2002) classifica algumas diretrizes como princípios ordenadores que influenciam a concepção arquitetônica, conferindo-lhe identidade própria. Tais princípios englobam: eixo, simetria, hierarquia, ritmo, dado e transformação de elementos construtivos e formas visuais.
A proporção fica evidente quando se pretende reduzir as dimensões do modelo real para uma escala menor, própria do papel de desenho, buscando manter a mesma relação proporcional que existe na realidade.
Preservar essa composição entre os diversos elementos que fazem parte do conjunto da obra é decisivo no momento de desenhar. Algumas dimensões não se ajustarão com exatidão às medidas do modelo ideal estabelecido de antemão. No momento em que estudamos os objetos e modelos, devemos ter uma atenção extra a todos os pontos de alinhamento: precisamos traçar linhas imaginárias que busquem o possível alinhamento dos elementos estruturais que compõem o objeto, proporcionando uma análise das disposições e distâncias do objeto.
Segundo Roig (2014), a busca de proporções iguais entre os diferentes objetos de um modelo pode ser um exercício muito útil para aprender a relacionar as diferentes partes da estruturação, consistindo basicamente em comparar e determinar a proporção dos objetos.
No círculo, o conceito de equilíbrio está expresso em absoluto. Isto ocorre devido ao fator de simetria axial, presente em todos os eixos, pela distribuição equitativa dos pesos e pelas elipses gravitando em torno de um ponto central, que origina forte apelo e atração visual na imagem (GOMES FILHO, 2009).
Os princípios de eixo e simetria possibilitam regularidade à configuração arquitetônica, proporcionando um conjunto equilibrado de formas e espaços a partir de linhas imaginárias (CHING, 2002).
O equilíbrio de uma manifestação visual pode ser adquirido de dois modos: pela concepção simétrica ou assimétrica (DONDIS, 2007).
A simetria condiciona a distribuição funcional do programa e das massas construtivas, compondo um arranjo equilibrado de formas, que se referencia a um centro ou a um ou mais eixos ou planos (BAETA, 2010). É um conceito associado a aspectos claramente perceptíveis de equilíbrio, ordem, repetição, rigidez, regularidade e classicismo. Visualmente, o equilíbrio simétrico destaca uma forma edificada em um contexto irregular e, portanto, aumenta a memorabilidade. Por causa disso, há uma antiga associação da ideia de simetria com monumentalidade.
Se, por definição, a natureza de um monumento remete ao ato de recordar, sua memorabilidade é condição primordial de sua essência. As mesmas qualidades que garantem uma forma regular, entretanto, podem compor organizações monótonas e simplórias. Em alternativa, os agrupamentos simétricos podem incorporar outros conceitos formais de equilíbrio, que ultrapassem o aspecto estático e rígido das construções (CANEZ; SILVA, 2015).
Equilíbrio é um estado de repouso ou estabilidade entre elementos contrastantes ou forças opostas. Depois do contraste, é considerado o elemento mais relevante das técnicas visuais. Sua essência primordial fundamenta-se na percepção humana e na necessidade da sua presença em uma composição artística.
Fonte: Dondis; Ching (2010).
Vários autores abordam os processos operacionais de simetria dentro do quadro de produção de conhecimento e organização formal. Ching (2002), por exemplo, fundamenta a simetria em dois tipos principais: a bilateral e a radial. Por outro lado, Munari (1997) considera cinco casos básicos que abordam as regras da simetria: identidade, translação, rotação, reflexão especular e dilatação. Para Rohde (1997), a noção de simetria está relacionada a dois tipos de representação. O primeiro evidencia a representação geométrica-matemática, que envolve as invariantes descobertas nas ciências naturais, e a segunda, caracterizada como social-visual, é a representação que se relaciona com as artes visuais. Em relação aos aspectos perceptivos desse segundo tipo, Rohde (1997) refere-se às operações simétricas por meio da translação, rotação, reflexão, dilatação, inversão, assimetria e simetrias combinadas e especiais. Considerando a visão desses estudiosos, a pluralidade do tema será abordada em relação às considerações de cada autor.
Uma configuração simétrica bilateral proporciona uma disposição equilibrada de padrões equivalentes de formas e espaços em lados contrários de um eixo mediano. Conforme Rohde (1997), a simetria bilateral possui ramificações, como o sistema birradial e o tetragonal. O primeiro acontece quando uma forma arquitetônica possui dois planos simétricos e perpendiculares entre si. Em situações em que estes dois planos são de caráter idêntico, ou seja, dividem o espaço em quatro partes iguais, ocorre a simetria tetragonal, que está presente em várias obras, como as pirâmides egípcias, na Villa Rotonda (Itália) e na Torre Eiffel (França), por exemplo.
Rohde (1997) caracteriza a simetria bilateral como reflexão e Munari (1997) a denomina de reflexão especular. Independentemente do nome atribuído, esse sistema corresponde à simetria originada quando um elemento é colocado diante do espelho e se considera o conjunto da forma com a sua imagem.
A iconografia bilateral é muito difundida no segmento das artes, arquitetura, design e demais produções humanas, que se caracteriza no tempo e no espaço. Pirâmides, templos, teatros, palácios, castelos, jardins e arcos do triunfo representam um tipo de linguagem que simboliza o poder, sendo amparado pelo sistema de simetria bilateral.
A operação radial baseia-se em um arranjo equilibrado de elementos semelhantes e irradiados. A composição é dividida em metades similares, quando se traça um plano em qualquer ângulo em relação a um ponto no centro ou ao longo de um eixo central (CHING, 2002).
A assimetria corresponde à ausência de simetria, na qual nenhum dos lados contrários de uma composição é igual ou similar, em nenhum dos eixos de referência. É evidente que as composições simetricamente organizadas tendem a ser percebidas mais facilmente do que os conjuntos assimétricos (GOMES FILHO, 2009). No entanto, se por um lado uma forma regular apresenta clareza em sua linguagem visual, por outro, pode se tornar entediante ao observador, justamente pela sua lógica e simplicidade absoluta (DONDIS, 2007).
Embora as configurações assimétricas não sejam facilmente legíveis, é possível que revelem um resultado interessante, em que o equilíbrio é obtido por meio da variação de elementos e posições, correspondendo a um equilíbrio de compensação. Neste sistema, alcançar o equilíbrio é tarefa árdua, que requer o ajuste de muitas forças. Contudo, quando se concretiza, a composição se torna fecunda em sua variedade, com valorização formal do ponto de vista estético e de exaltação psicológica (DONDIS, 2007).
Artisticamente, a assimetria enquadra desde aspectos de negação do padrão plástico de simetria até o anseio da abstração.
É possível que haja assimetrias parciais, visando alterar simetrias pré-existentes ou nas quais a forma baseou-se como recurso gerador (ROHDE, 1997).
A simetria formal da bandeira se transforma em assimétrica se levar em conta os elementos do conteúdo do círculo: faixa e estrelas.
O desequilíbrio é o oposto do equilíbrio, ou seja, ocorre quando as forças que agem sobre os corpos dominantes e sua configuração com outros elementos não conseguem se equilibrar. Esse estado pode chamar a atenção do observador, inquietando-o e/ou surpreendendo-o. Uma composição ou um objeto formal ou visualmente desequilibrado parece acidental, transitório e, portanto, instável.
Além do elemento dominante, uma configuração pode englobar outros pontos de ênfase secundária que, possuindo menor valor de atenção, estabelecem acentos visuais na composição (CHING, 2002).
Esses elementos subordinados podem acomodar a variedade, assim como criar interesse visual, ritmo e tensão (CHING, 2002).
Tensão é um tipo de equilíbrio delicado, mantido por uma obra artística entre forças ou elementos opostos, com o poder de causar excitação visual.
Fonte: Ching (2002).
A sensação de desequilíbrio, na imagem assimétrica, origina uma ligeira inquietação aos olhos do observador. A concentração de maior peso visual em um dos lados, em relação ao eixo vertical, passa uma esperada perda de estabilidade.
Um exemplo típico de desequilíbrio é a Torre de Pisa, na Itália. Essa instabilidade visual, ocasionada pela inclinação, funcionou, nesse caso, como apelo estético (GOMES FILHO, 2009).
O equilíbrio e a tensão, como pôde ser visto nesta aula, constituiu no estudo da linguagem visual, fator primordial para o entendimento da mensagem a ser comunicada. Esse fato ocorre, principalmente, nas composições com elementos verticais e horizontais, estes, conforme é sabido, geram influências físicas e psicológicas nas pessoas.
Portanto ao analisarmos a Linguagem Visual, devemos ter sempre em mente que a interação da forma e conteúdo é um problema vital no Design. E o que chamamos de forma é o relativo estado de equilíbrio de uma determinada organização numa determinada disposição da matéria, é a expressão da tendência fundamental conservadora e da estabilização temporária de condições materiais. A forma é a manifestação de um estado de equilíbrio alcançado em um determinado momento e as características imanentes ao conteúdo são o movimento e a transformação.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
Aula Concluída!
Avançar